Jun - 9 - 2014

A virada na situação politica desfavorável para a luta dos trabalhadores após as manifestações de junho de 2013 está completando um ano e o mais interessante é que o “aniversário” da Rebelião de Junho coincide com uma nova onda de manifestações.  Só que agora atores sociais mais “perigosos”- como os trabalhadores  do setor de transporte, trabalhadores dos serviços e o revigorado movimento de moradia- entraram no cenário político para ficar.

Um ano de rebeldia popular no Brasil

A quatro dias do início da copa só crescem as perspectivas de um grande enfrentamento político-social no país. Os últimos acontecimentos da luta de classe, além de reafirmar a situação de rebeldia, colocam em jogo novas possibilidades de uma virada completa na correlação de forças entre as classes.

Como vimos discutindo em várias publicações, a situação política brasileira mudou de forma drástica a partir de junho de 2013 e por mais que a correlação de forças não tenha se alterado totalmente,  existem mudanças de qualidade importantes. Hoje estamos diante da possibilidade de construirmos a partir das greves em todo país, particularmente a dos metroviários de São Paulo, uma grande manifestação de massas no dia 12 de junho pelo atendimento imediato de todas as reivindicações salariais, moradia e serviços públicos de qualidade.

A possibilidade de uma nova onda gigante de protestos não é uma perspectiva sem fundamento, pois a realidade nacional está pululada de enfrentamentos parciais entre trabalhadores e patrões, que a greve dos metroviários e a copa podem servir de catalizador. Ou seja, um elemento de totalização que pode converter as várias manifestações atomizadas, que contam com dezenas de milhares, em manifestações de grandes magnitudes, como as que presenciamos há um ano.

O peso social e politica da classe trabalhadora entra em cena

A greve dos garis do Rio de Janeiro durante o carnaval deste ano, que contou com o apoio da maior parte da população, ultrapassou a burocracia, enfrentou os patrões e obteve uma vitória acachapante com o ajuste salarial de mais de 35%.

Esse movimento foi um exemplo inconteste de que a autodeterminação dos trabalhadores é o único caminho que pode levar a vitórias; a nosso ver esse critério serve tanto para as lutas imediatas quanto para as lutas históricas dos trabalhadores. Exemplo que foi seguido pelos coletores de resíduos do ABCD com uma greve histórica nessa região que contou, também, com uma presença significativa dos trabalhadores de base em sua condução. Há duas semanas tivemos a greve dos condutores em vários estados. Greves de condutores não é novidade alguma, o novo e transcendente está na disposição dos trabalhadores de base em impor a sua pauta e métodos de luta à burocracia sindical.

Na greve dos condutores da cidade de São Paulo os trabalhadores de base se rebelaram diretamente contra as manobras da burocracia sindical para impor um reajuste salarial pífio. Mesmo contra a  patronal, a justiça do trabalho e a pelegada, os trabalhadores de várias empresas impuseram um forma inovadora de piquete. De forma articulada e autodeterminada saíram com os ônibus das garagens, pararam os ônibus em frente as garagens, levaram as chaves  e  murcharam os pneus…

Como podemos ver, estamos presenciando «greves selvagens» que não se viam desde a greve dos metalúrgicos na década de 80 – uma impressionante processo de reconstrução da independência de base que está arrancando vitórias contra os patrões e contra a burocracia sindical -, além da retomada massiva do movimento por moradia, que tem reunido mais de 20 mil pessoas em passeatas, e agora a greve dos metroviários as portas do inicio do mundial.

Pela vitória dos metroviários de São Paulo

A greve dos metroviários da cidade de São Paulo, que teve início no último dia 5, está polarizando a realidade nacional e pode cumprir o papel de elemento catalizador do descontentamento social vivido hoje no país. A categoria iniciou a greve reivindicando reajuste salarial de 35% – durante a negociação aceitou a negociar um reajuste em torno de 12,2% –, plano de carreira, adicional de periculosidade e investimentos na qualidade do serviço e na extensão do Metrô que apresenta constantes problemas de operação e de segurança.

A direção do metrô, sob ordem do governo Geraldo Alckmin, durante a data base da categoria se negou a negociar com os trabalhadores.  É sabido que o metrô de São Paulo opera financeiramente com altas taxas de lucro e que boa parte dele tem sido dedicada aos esquema de corrupção que tem como responsáveis diretos os sucessivos governos do PSDB no Estado de São Paulo.

Apesar de toda a campanha contrária a greve feita pelos meios de comunicação, a greve conta com apoio de ampla maioria da população em São Paulo. Pesquisa realizada pela R7 afirma que 77% da população esta a favor da greve e 86% são favoráveis à catraca livre – proposta feita pelo sindicato para em fez de paralisar os serviços liberar a passagem para todos os usuários.

Essa pesquisa apenas reforça a caracterização de que há uma mudança significativa na posição politica das massas, que passa a participar da politica nas ruas e apoiar a luta direta de qualquer categoria para solucionar os seus problemas. Da mesma forma que na greve dos garis do Rio de Janeiro em pleno carnaval, a greve dos metroviários de São Paulo além de ter o apoio massivo da população.

Alckmin com apoio de Dilma reprimem metroviários

Como algumas linhas do metrô estão operando parcialmente, pois os funcionários da administração estão sendo obrigados a trabalhar sob ameaça de demissão, os ativistas realizam piquetes (legítima forma de luta e meio necessário para que qualquer greve seja vitoriosa) para garantir a efetividade do movimento.

Durante o piquete realizado na última sexta-feira na estação do metrô Ana Rosa a tropa de choque foi acionada pelo governador Geraldo Alckmin, ação que contou com a cumplicidade de Dilma. Os ativistas, como se pôde ver em todo o mundo através de vídeos publicados na internet, foram atacados covardemente com cassetetes, bombas e balas de borracha pela policia militar. Mas essa repressão pode ter sido o componente que faltava para que esse conflito se tornasse o grande galvanizador de todo o descontentamento social em curso.

Hoje diante da decisão do Tribunal Regional do Trabalho que votou pela proposta do governo  (8,7%) e pela abusividade da greve, os metroviários em assembleia resolveram por maioria manter a greve. A corajosa decisão dessa categoria, a três dias do inicio do mundial, a reafirma no centro da luta de classes e sua vitória ou derrota terá efeito decisivo sobre o conjunto dos trabalhadores, por isso todos os trabalhadores e setores organizados devem apoiar efetivamente os metroviários para que sejam vitoriosos.

12J: Unificar a luta na copa – Todo apoio aos metroviários de São Paulo

A copa do mundo vai ser um grande teste politico que começa com o jogo inaugural no dia 12 de junho.

Estamos em uma situação de definições políticas. Todo o aparato repressivo montado por Dilma e pelos patrões para garantir “normalidade’ durante a copa pretende evitar que a juventude e a classe trabalhadora organizada não utilize esse momento para fortalecer a sua posição estratégica na luta de classes.

A organização em unidade do ato nacional no dia 12 de junho que começa em frente ao sindicato dos metroviários é fundamental, pois será o grande teste da nossa capacidade de aglutinação massiva diante de um brutal aparato repressivo e de um elemento poderoso de contenção política das massas, o futebol e a Seleção.

Apesar de estarmos ainda no campo das hipóteses, em que muitas perguntas não podem ser respondidas, a grande possibilidade de ocorrerem manifestações de massa e com conteúdo classista e independente durante o mundial.

E mais ainda, com a manutenção da luta de categorias-chave,  como os metroviários, e o movimento de moradia, que tem mobilizado milhares de pessoas todas as semanas, a copa pode ser momento de  potencialização de das demandas e do poder de mobilização dos trabalhadores.

A capacidade de unificação de todos os movimentos durante a copa para se construir uma nova onda de mobilização de massa com um conteúdo politico superar a junho de 2013 é fundamental. Para isso, o passo tático decisivo consiste  no apoio à greve dos metroviários, luta que esta enfrentando todo o aparato do estado e que seu resultado influenciara as próximas batalhas politica da classe trabalhadora.

Todos ao Ato em solidariedade aos metroviários em frente a estação Ana Rosa do metrô dia 9 de junho as 10 horas!

Por Antonio Carlos Soler, Práxis – Socialismo ou Barbarie Brasil, 09/06/2014 - http://praxisbr.blogspot.com.br/

Categoría: Movimiento obrero, Português