Brasil

Fora Suely e sua tropa de choque!

Práxis, 04/06/09
e-mail:
grupo.praxis@yahoo.com.br
Tel: 89814878

Despertar é preciso
Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

(Vladimir Maiakóvski)

Nesta segunda-feira, 1 de junho, a "força tática" da polícia militar do Estado de São Paulo, sob as ordens da reitoria e do governo Serra, atentou contra o direito democrático de livre organização sindical dos funcionários da USP, dispersando os grevistas que realizavam o piquete (método histórico, democrático e legítimo de efetivação da vontade da maioria dos trabalhadores em luta) em frente à Reitoria.

A repressão ao movimento grevista, através da tropa de choque, demonstra que o governo do Estado, apoiado pelas forças mais reacionárias, quer impor a pela força todo o seu pacote contra a universidade pública. Assim, as ilusões de que "a luta pode ser adiada" para o segundo semestre caem por terra. Derrotar a greve dos funcionários para Serra/Suely é condição decisiva, pois a mobilização dos funcionários já contagiou todos os setores da comunidade e pode, a partir da greve geral na universidade, ganhar a solidariedade de amplos setores dos trabalhadores em todo o país.

A greve dos funcionários representa o verdadeiro cerco tático, ou seja, se for derrota a Reitoria sairá muito mais fortalecida para impor todo seu projeto. É necessário que os estudantes assumam sua parcela na luta que está em curso. Está claro que não ficaremos isolados, pois existe uma forte mobilização em curso nas outras universidades estaduais - na Unesp de Marília os estudantes estão em greve com ocupação das salas de aula e ontem o IFCH da Unicamp deflagrou greve. O governo Serra realiza de forma combinada uma série de ataques aos funcionários públicos do Estado. Um claro exemplo do que estamos falando são os Projetos de Leis Complementares 19 e 20 (PLCs 19 e 20), representam ataques diretos contra conquistas dos últimos 30 anos de luta. Estas medidas de Serra estão colocando, também, os professores da rede básica de ensino em mobilização.

Olhando do ponto de vista mais conjuntural, também, é um grande equivoco não cerrar fileiras com os funcionários em greve. A forma como a reitoria trata - agora utiliza a violência policial - a greve dos funcionários reforça a avaliação de que Serra/Suely não irão ceder um milímetro às reivindicações da comunidade acadêmica e em sua obsessão de atacar princípios básicos ligados à autonomia universitária e ao ensino público.

O governo do Estado nunca abandonou a política por fim à autonomia universitária. Na verdade, diante da força da ocupação de 2007 realizou um recuo tático e, no decorrer destes dois anos, vem endurecendo o regime - processos, demissões de dirigentes, fechamento de espaços estudantis - no interior da universidade para criar melhores condições e impor todo o pacote de maldades: fim da autonomia universitária; redução de verbas para o ensino público; precarização ainda maior das condições de ensino-aprendizagem; maior elitização de alguns cursos e desvalorização da formação docente, duas tarefas que a criação da universidade virtual do estado cumpre.

Greve estudantil já!

È importante insistir: a greve estudantil não pode ser mais adiada sob nenhum pretexto. A derrota dos funcionários significa hoje uma ameaça concreta ao projeto de universidade pública/democrática. Não podemos entender porque os setores - PSTU e PSOL, notadamente -, que influenciam decisivamente os rumos do movimento estudantil na USP, durante as várias Assembléias Gerais dos Estudantes mantém uma tática que não contribui para superar a desigualdade de disposição de luta entre os estudantes. Na última assembléia, 28 de maio, mais uma vez, se posicionaram contra o início da greve dos estudantes, alegando que a maioria dos estudantes não estavam a favor da greve. Ora! Todos sabem que nenhum movimento grevista ínvia com 100% de adesão, e que muitas vezes é necessário iniciar o processo e pacientemente ir convencendo os mais reticentes, principalmente, como é o caso, se existe uma disposição progressiva de ir à luta.

A inação dos estudantes e o vazio político deixado pela direção do DCE (PSTU) devem ser superados imediatamente! A reitoria e o governo Serra quando ordenam a invasão da tropa de choque dão um claro sinal de que só cederão diante de mobilização massiva de toda a comunidade universitária e da unificação da luta a nível estadual. Por isso, devemos decretar imediatamente a greve; fortalecer o comando de mobilização unificado da USP e realizar ações unificadas com os funcionários e professores. É fundamental, também, procurar a unificação com outros setores que hoje lutam contra as políticas do governo Serra, como os professores da rede pública estadual.